quarta-feira, agosto 30, 2006


Barganhar


Morning Market, G. Harvey

Em certos lugares, em certos povos, regatear não se resume a uma simples altercação para determinar o valor final de uma transação.
É muito, muito, mais do que isso.
Não está só em causa o fito de cada um dos lados. Do vendedor ou do comprador. Mas o que cada um representa ou está disposto a revelar. Mais: estão em causa os próprios povos e lugares; todos eles semi-encobertos na palma da mão.
Até se pode perder a noção do tempo, da lógica, da atitude, mas jamais a da dignidade.

JoãoG

terça-feira, agosto 29, 2006


Bet and Pack up

Até há bem pouco tempo esmurrava mentalmente toda e qualquer criatura, viva ou putrefacta, que dissesse mal da nossa selecção. Da nossa bandeira. Do nosso hino.
Um acto reflexivo mas irreflectido, penso hoje. Hoje, que regresso de umas férias merecidíssimas, repletas de descoberta, aventura e, sobretudo (caso raro), descanso. E, hoje, que acabo de ver dois grandes imbecis, suspensórios de - e suspensos por - qualquer coisa chamada futebol português.
Não vou falar do patenteado órfão social democrata – sempre o bombo - mas do director inexecutivo desta liga marreca e vurmosa.
O Cunha até pode ter toda a razão do oráculo, mas – chiça! – não basta tê-la, é preciso trazê-la. E nem é preciso grandes elucubrações. Basta uma voz pausada, sem gaguez; um olhar convincente, não estrábico e, sobretudo, não mexer nos papeis como se de alzheimer padecesse. Mais do que a comissão disciplinar, o conselho de justiça ou os trânsitos julgados desportivos, o Mateus não merece e eu, que cheguei há pouco, e mais todos os outros que já cá estão, muito menos.

quinta-feira, agosto 24, 2006


As pessoas felizes não têm história

Por isso é muito complicado escrever em férias, quando se usa de tempo lento, serões em família, leituras de Verão e remanso.

(Nota interna: os meus co-bloggers que não estão de férias, esses são felizes o ano inteiro, certo...?)

quarta-feira, agosto 09, 2006


Serões da província

Deitei-me em lençóis de linho finamente bordados. O desenho parecia um efeito de floreado barroco, mas os detalhes destas obras de mão escapam-se-me com frequência por entre a ignorância e a falta de talento para lavores. De manhã, na clara luz da alvorada que me entra impiedosa pelas longas frestas de vidro fosco sem cortinas ou gelosias, reparei que o desenho continha algarismos, que, decifrados, compunham uma data:1898. Analisando o rendilhado, leio dois nomes repetidos por entre as flores: dormi em lençóis bordados há cento e oito anos pela mãe da mãe do meu pai para o seu enxoval. Se, por um lado, o passado assim enrolado em linho me deixa uma enorme ternura pela noiva d’antanho, por outro, sinto-me um pedaço voyeuse

quinta-feira, agosto 03, 2006


Én szeretlek teget

Já não vou à Hungria há uns 5 anos. Digo 'não vou' porque já lá fui 'algumas' vezes e tenciono voltar. Culturalmente é um país interessantíssimo, com uma língua (Magyar) aparentemente complicada e uma História Enorme.
Mas tenho saudades das pessoas. Porventura as mais hospitaleiras do Leste Europeu, as mais doces, cálidas e gentis. Em que, por entre aquele olhar azul turvo quase baço, se esvai constantemente a imprecisão de que algo algures no passado correu mal e se redescobre o latente fulminar de um desígnio heróico clamado futuro.
Depois, saudades tenho do Tokaj, dos villány, de Balaton, dos doces de semente de papoila. E, céus!, das húngaras, das lindíssimas e luxuriantes húngaras. Én szeretlek teget!

quarta-feira, agosto 02, 2006


Diz-me onde estiveste e dir-te-ei quem és...?



Daqui
Via um comentário no Espumadamente da Sinapse.

ps: Visitar uma região, uma cidade, não significa visitar todo um país, mas pronto, para a próxima pontilho...

terça-feira, agosto 01, 2006


"My friend Serge has bought a painting"